Nos aproximamos ainda mais do Merge
Fique por dentro das últimas novidades em torno do tão aguardado Merge
Logo nos primeiros dias do mês de julho mais um capítulo foi escrito na migração da rede Ethereum para o modelo de consenso proof-of-stake:
a bomba de dificuldade foi adiada para setembro;
o Merge foi implementado na rede de teste Sepolia.
Como mencionamos em nosso artigo anterior, as coisas boas levam tempo para acontecer na rede Ethereum porque dependem da coordenação e do consenso entre pessoas espalhadas ao redor do mundo. Justamente por isso, cada passo em direção ao Merge deve ser registrado e merece ser comemorado!
A propósito, o mapa abaixo mostra a distribuição geográfica dos nodes atualmente responsáveis pela manutenção da rede Ethereum (Camada de Execução) pelo mundo. Observe que há uma grande concentração nos Estados Unidos (mais de 46%) e Alemanha (com pouco mais de 12% dos nodes). A lista completa está disponível em ethernodes.org.
O que é a dificuldade de mineração?
Já comentamos neste artigo como funciona uma blockchain cujo modelo de consenso é o proof-of-work:
Em uma rede Proof-of-Work as transações da blockchain são validadas por mineradores que disputam com poder computacional a resolução de operações matemáticas complexas. Poder computacional nesse caso é sinônimo de hardware (placas de vídeo ou ASIC) e consumo energético.
A complexidade dessas operações varia de acordo com a quantidade de operadores da blockchain. Quanto mais gente estiver minerando, maior será a complexidade das equações a serem resolvidas para se minerar cada bloco e, consequentemente, maior será o poder computacional exigido para a mineração.
Dessa maneira, independente de quantas pessoas estejam sustentando a rede (rodando o software da blockchain em suas máquinas) é possível se manter uma média constante do tempo para a mineração de cada bloco, evitando-se que eles sejam gerados muito rapidamente. Isso é importante porque assegura previsibilidade à blockchain.
Em outras palavras, a dificuldade de mineração da rede determina o quão difícil será, em termos computacionais, para se criar o próximo bloco da blockchain. Essa dificuldade é uma medida de quantos hashes devem ser gerados (estatisticamente) para que seja encontrada uma solução válida para se minerar o próximo bloco e, consequentemente, receber a recompensa pela mineração.
Hashing é um conceito da ciência da computação que exprime o processo de se transformar um conjunto de caracteres em um outro valor, normalmente mais curto, que é usado justamente para representar o conjunto original de caracteres.
O gráfico a seguir ilustra muito bem como a dificuldade de mineração passa por ajustes constantemente.
A principal utilidade do ajuste na dificuldade da mineração é garantir consistência na criação de blocos. A blockchain automaticamente aumenta a dificuldade de mineração caso os blocos estejam sendo formados muito rapidamente e, ao contrário, reduz a dificuldade caso os blocos estejam sendo minerados mais lentamente do que o previsto.
A bomba de dificuldade foi adiada
Seguindo essa lógica de que a dificuldade para mineração é variável, os desenvolvedores criaram a chamada bomba de dificuldade que, embora tenha nome assustador, nada mais é do que um instrumento para aumentar a dificuldade da mineração tornando o processo mais custoso e demorado. Isso acontece por meio do aumento da complexidade das operações matemáticas que os computadores dos mineradores precisam executar para efetuarem o processo de mineração.
A consequência imediata do aumento da dificuldade de mineração é que esse processo se tornará menos eficiente para os mineradores, seja porque o tempo da mineração vai aumentar caso continuem utilizando o mesmo maquinário, seja porque os requisitos de hardware (máquinas) para executar o mesmo processo aumentará, tornando-o mais custoso. Enfim, a bomba de dificuldade é um instrumento que tornará a mineração praticamente inviável.
A finalidade da bomba de dificuldade, portanto, é desestimular a mineração, funcionando como um incentivo para a migração para a blockchain baseada no novo modelo de consenso proof-of-stake, o que acontecerá mediante a atualização do software da blockchain.
A implementação da bomba de dificuldade é um passo natural para o Merge e a notícia de atraso - mais uma notícia de atraso, não é? - claramente representa que teremos que esperar um pouco mais pelo tão aguardado Merge.
Vale registrar que a decisão pelo adiamento foi tomada em consenso com os principais desenvolvedores da rede durante uma reunião realizada on-line em junho passado. Embora tenha ocorrido um consenso, a decisão foi severamente criticada por alguns membros da comunidade. Você pode conferir o vídeo dessa reunião aqui.
Aparentemente antevendo as críticas, um dos desenvolvedores participantes da reunião, Thomas Jay Rush, chegou a registrar:
“Considero isso como cutucar a comunidade um bastão (...)”. “A comunidade tem que prestar atenção ao fato de que os principais desenvolvedores têm o poder de tomar esta decisão, podemos usar isto para dizer, 'Você, comunidade, tem que se envolver mais neste tipo de decisões'”. (Tradução livre)
Mas nem tudo são notícias ruins: o Merge foi ao ar na rede de teste Sepolia!
Já te contamos que redes de teste (ou testnets) da Ethereum nada mais são do que redes utilizadas por desenvolvedores para experimentarem atualizações antes de as implementar na rede principal (mainnet).
No último dia 30 de junho a Ethereum Foundation, a fundação que dá amparo ao desenvolvimento e evolução da rede Etehreum, anunciou que após a bem sucedida atualização da rede Ropsten, em 08 de junho, o Merge também iria ao ar em mais uma rede de teste da Ethereum, a Sepolia. Com isso, duas testnets teriam passado pela transição do modelo de consenso proof-of-work para o novo modelo proof-of stake.
A atualização da Sepolia aconteceu na quarta-feira dia 06 de julho e marcou a segunda das três fazes da implementação do Merge em redes de teste. A última testnet a ser atualizada será a Goerli, o que está previsto para acontecer durante o mês de agosto - lembre-se que estamos falando de Etehreum e do Merge, então eventuais atrasos não serão uma surpresa.
Devemos registrar que embora o Merge tenha sido bem sucedido a rede apresentou algumas inconsistências logo após a atualização, havendo problemas na formação de alguns blocos de dados.
Contudo, segundo pesquisadores da Ethereum Foundation essas inconsistência teriam ocorrido em decorrência da configuração de alguns nodes após a atualização, o que foi prontamente corrigido.
Dizem que os slots em falta na rede Sepolia foram causados por erros de configuração da Dificuldade Total do Terminal por alguns operadores, que foi definida manualmente. Isso causou alguns momentos de tensão, mas é ótimo ver que o Merge da Sepolia foi um sucesso retumbante.
Caso tudo ocorra como previsto e a rede Goerli passe pelo Merge em agosto é possível se esperar que o Merge potencialmente aconteça na rede principal da Ethereum durante o mês de setembro.
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Além das referências diretamente indicadas nos links ao longo do texto, este artigo se baseou nas seguintes fontes, em inglês: