Temos abordado constantemente o tema do Merge, simplesmente porque esse é o evento mais importante da rede Ethereum desde que ela foi ao ar em 30 de julho de 2015.
Caso você ainda não saiba o que é o Merge e do que estamos falando, leia este artigo.
No artigo de hoje reunimos em um só lugar, de modo simplificado, todas as informações que você precisa saber sobre o Merge!
PS: temos uma supresa para você no final deste artigo. 👀
O Manual para o Merge
- O que é o Merge?
Merge (fusão) é o processo pelo qual a blockchain Ethereum mudará do modelo de consenso proof-of-work (PoW) para o modelo proof-of-stake (PoS). Enquanto no PoW o consenso é alcançado pela utilização de poder computacional (hash rate) por mineradores, mediante uso de hardware e alto consumo energético, no PoS o consenso é alcançado pelo depósito de ETH (stake) na blockchain, o que reduz drasticamente a necessidade de energia para a manutenção da rede - a redução pode chegar a 99% do que é utilizado atualmente.
- Por que o Merge acontecerá?
A ideia de que a rede Ethereum fosse uma blockchain baseada no modelo de consenso proof-of-stake existe desde a sua concepção. Todas as blockchains tentam balancear o trilema de segurança-decentralização-escalabilidade, mas sempre acabam tendo limitações em uma dessas características. A rede Ethereum, embora seja muito segura e bastante descentralizada, tem dificuldades na escalabilidade.
O Merge não resolve a dificuldade de se balancear o trilema, mas reduz os requisitos para alguém rodar um node (o que auxilia a descentralização da rede) e também é um passo em direção ao sharding (particionamento), que poderá permitir no futuro até 100 mil transações por segundo (o que é excelente para a escalabilidade).
Não há planos para que o Sharding seja implantado antes de 2023, mas espera-se que ele torne a rede mais rápida e demande menos poder computacional para funcionar.
- Requisitos para rodar um node após o Merge
No modelo PoS serão necessários 32 ETH para se rodar um node e ser um validador da rede. Ao depositar esses 32 ETH na rede eles ficarão travados (ainda sem data específica para estarem disponíveis) e como não existirão mais mineradores garantindo o consenso, os "prêmios” pela validação da rede serão distribuídos entre aqueles que rodarem um node.
- Soluções para quem não tem 32 ETH para rodar um node
Alguns protocolos surgiram para possibilitar que pessoas com menos de 32 ETH coloquem seus ETH em stake. Para isso basta depositar ETH, que será acumulado com o ETH de outras pessoas e o próprio protocolo fica responsável por rodar o node. Em trocar, você recebe um token que representa esse ETH depositado no protocolo e pode ser usado em diversas plataformas de DeFi (finanças descentralizadas).
Atualmente os principais protocolos em oferecem esse tipo de serviço são Lido e RocketPool.
Atenção: faça sua pesquisa e entenda os riscos de uso desses protocolos antes de depositar qualquer ativo neles!
- Por quê o Merge cria uma expectativa econômica positiva para o ETH?
Desde a implantação do EIP-1559 (Ethereum Improvement Proposal, ou Proposta de Melhoria da Ethereum em tradução livre) parte do ETH gasto com as taxas pagas pelo uso da rede passaram a ser queimadas, ou seja, parte do ETH usado nas transações da rede deixam de existir.
Com o Merge a quantidade de ETH emitida a cada novo bloco será reduzida em 90%. Espera-se, com isso, que a quantidade de ETH queimada supere a quantidade de novo ETH que entrará em circulação. Em outras palavras, acredita-se que após o Merge, o ETH se tornará um ativo deflacionário, ou seja, se tornará cada vez mais escasso.
Além disso, no modelo de PoW, o ativo dos mineradores são suas máquinas, por isso o ETH produto da mineração é vendido para ser reinvestido nesse negócio. Isso significa que em redes PoW há uma alta pressão de venda. Já em um modelo PoS o ETH passa a ser o ativo dos validadores da rede e, naturalmente, há um incentivo bem mais alto para que os validadores acumulem cada vez mais ETH, o que implica em uma baixíssima pressão de venda desse ativo. Com isso, há uma expectativa de que com a migração para o modelo PoS haja cada vez menos ETH disponível a venda no mercado.
- Quando o Merge acontecerá?
A previsão mais atual é de que o Merge vá ao ar na mainnet (rede principal) durante a segunda quinzena de setembro, mais provavelmente no dia 19.
- Precisarei trocar meu ETH por ETH 2.0 com o Merge?
Não! O ativo nativo da rede Ethereum, ETH, não será afetado pelo Merge. A atualização do modelo de consenso da blockchain não irá alterar o ativo da rede e você não precisará fazer nada com o ETH que já tem.
Entenda neste artigo porque é errado falar em Ethereum 2.0. 😉
- A taxas (fees) pelo uso da rede serão reduzidas com o Merge?
Não! Essa atualização da rede ainda não é voltada para a otimização dos custos financeiros pelo uso da rede Ethereum.
Para realizar transações gastando menos, opte por soluções de segunda camada como Optimism ou Arbitrum.
- A rede Ethereum processará mais transações após o Merge?
Desenvolvedores já declararam que poderá haver uma redução muito pequena no tempo de formação dos blocos após a migração da rede para o modelo PoS, mas essa redução será tão pequena, que praticamente não representará nenhuma diferença no uso da rede.
Basicamente, nós usuários sequer iremos perceber essa redução, de tão pequena que será.
Curiosidade: a casa onde a rede Ethereum nasceu
Neste tuíte Taylor Gerring, co-fundador da Ethereum, atualmente diretor de tecnologia da Ethereum Foundation, compartilhou algumas fotos da casa na Suíça onde eles e os outros fundadores da Ethereum se reuniram durante alguns meses de 2015 para desenvolver essa revolucionária blockchain.
E voce, já se preparou para o Merge?